Como aumentar o impacto das Universidades na Web e o Ranking Webometrics

Como os estudantes escolhem a Universidade onde irão estudar? Como determinar quais são as melhores Universidades? Pelo prestígio, tradição, impacto da produção científica, reputação, etc. É claro que critérios tradicionais contam muito, mas certamente são influenciados por critérios adicionais, ou seja, variáveis ​​não-acadêmicas também são levadas em consideração. Dessa forma, a presença na web pode fazer a diferença e faz todo sentido…
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…motivar as instituições e os estudiosos a ter uma presença na web
que reflita com precisão suas atividades.
Se o desempenho da web de uma instituição estiver abaixo da posição esperada
de acordo com sua excelência acadêmica,
as autoridades universitárias devem reconsiderar sua política na web,
promovendo aumentos substanciais do volume e qualidade de suas publicações eletrônicas.
(WEBOMETRICS, 2018)
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Entretanto, como avaliar a presença de uma universidade na web? Como analisar o impacto social, científico e de pesquisa de uma instituição na web, no Google ou nas redes sociais? Como aumentar a presença de uma Universidade no Google?

Nesse cenário, o Ranking Web ou Webometrics pode ser considerado um dos maiores rankings acadêmicos das Instituições de Ensino Superior (IES) e uma fonte muito rica em informações.

Desde 2004 e a cada seis meses, a equipe do Cybermetrics Lab (Conselho Espanhol de Pesquisa, CSIC) realiza um exercício científico independente, objetivo e aberto para fornecer informações confiáveis, multidimensionais, atualizadas e úteis sobre o desempenho de universidades de todo o mundo baseado em sua presença e impacto na web. Os dados são coletados entre 1 e 20 de janeiro e julho de cada ano. O Ranking Webometrics de 2018 acaba de ser publicado, abrangendo mais de 27 mil instituições em todo o mundo. 

== Fatos e Dados 2018 ==

Em termos mundiais, as Universidades de Harvard, Stanford e MIT ocupam os primeiros lugares na classificação geral, como demonstra a Figura 1. 

Fonte: Webometrics Jan. 2018.

Na América Latina, o destaque do Webometrics Latin America é a Universidade de São Paulo – USP, que aparece em 1º lugar no cômputo geral da região e em 72º lugar na classificação geral, conforme ilustra a Figura 2. Outras universidades brasileiras também estão bem colocadas. (Quanto menor o número, melhor a classificação).

Fonte: Webometrics, Jan. 2018

== Metodologia ==

Para construir o Ranking Web – Webometrics – são analisados quatro indicadores: Presença [1], Visibilidade [2] e [3], Transparência (ou Abertura) [4] e Excelência [5], conforme exibido abaixo. 

Fonte: Webometrics 2018. Tradução livre.

De acordo com a equipe que mantém o Ranking, o Webometrics usa a análise de links web para avaliar a qualidade das instituições, pois considera que essa análise é muito mais poderosa que a análise de citações ou levantamentos globais. No primeiro caso, a análise de citações (bibliometria) contabiliza apenas o reconhecimento formal entre pares (pesquisadores), enquanto links web não só incluem citações bibliográficas, mas também o envolvimento de terceiros com as atividades universitárias. Ainda segundo o Webometrics, levantamentos globais baseados em questionários não são uma ferramenta adequada para os Rankings mundiais, pois não conseguem refletir experiências aprofundadas, multiinstitucionais, multidisciplinares, em uma amostra representativa (de diferentes continentes) de universidades em todo o mundo.

Os resultados das atividades de pesquisa científica também são tema-chave para o Webometrics e incluem não apenas publicações tradicionais (artigos, trabalhos), mas também comunicações científicas informais. A publicação na web é mais barata e pode manter os altos padrões de qualidade dos processos de revisão pelos pares. Também pode chegar a públicos potencialmente maiores, oferecendo acesso ao conhecimento científico para pesquisadores e instituições localizadas em países em desenvolvimento e também a terceiros (públicos motivados por interesses ​​econômicos, industriais, políticos ou culturais).

Vantagens e deficiências

  • Cobertura. O Webometrics é a maior classificação por número de Instituições de Ensino Superior (IES) analisadas. São consideradas mais de 27.000 instituições em todo o mundo. 
  • Missões universitárias. O Webometrics classifica indiretamente a missão da universidade usando a presença na web como um indicador do compromisso dos acadêmicos com seus alunos. Não é perfeito, mas o futuro desta missão está claramente na arena da web e qualquer instituição ou indivíduo que não percebe isso está perdendo terreno muito rápido.
  • Grandes números. A qualidade dos dados não depende apenas da fonte utilizada, mas também dos números envolvidos. Por exemplo, o número de universidades com mais de um Prêmio Nobel é provavelmente inferior a 200 (incluindo todos aqueles concedidos desde 1900) o que torna muito difícil classificá-las corretamente. O mesmo se aplica aos dados de citação, a ferramenta bibliométrica mais poderosa utilizada e que fornece uma imagem da ordem de milhares e dezenas de milhares. Os dados do link oferecem um número muito maior, geralmente duas ou mesmo três ordens de grandeza acima. Certamente, os indicadores da web são mais ruidosos, mas estatisticamente eles são mais adequados para descobrir padrões e distinguir um número maior de instituições.
  • Tamanho-dependente. Não há debate sobre este problema: os rankings mais populares, incluindo o Webometircs, dependem do tamanho, embora o tamanho não se refira ao número de acadêmicos ou estudantes (Harvard ou especialmente o MIT não são grandes nesse sentido) mas, provavelmente refere-se aos recursos (financiamento atual, recursos passados ​​refletidos em edifícios, laboratórios ou bibliotecas). Entretanto, essa crítica não é correta, pois realmente nenhum dos rankings mede a eficiência, mas o desempenho global. É preciso estar atento. A riqueza econômica das nações pode ser medida em termos de PIB (EUA, China, Japão) ou em termos de PIB per capita (Luxemburgo, Emirados, Noruega), ambos os indicadores estão corretos, mas seus objetivos são completamente diferentes.
  • Boas práticas de nomeação. Os gestores universitários ainda estão lutando por convencer seus autores a atribuir as afiliações corretas nas publicações científicas. A situação não é muito melhor na Web com várias centenas de instituições com mais de um webdomínio central, preservando domínios antigos ativos, usando domínios alternativos para conteúdo internacional (inglês) ou compartilhando domínios com terceiros. Mesmo entre as universidades com apenas um domínio, muitas delas mudam o domínio com frequência, às vezes sem qualquer boa razão aparente para isso. Uma estranha situação relativamente comum acontece quando essas mudanças são para transferir um domínio nacional de nível superior para um domínio “.edu” (que geralmente se refere a uma universidade dos Estados Unidos), mesmo quando o país possui um subdomínio acadêmico claramente definido (edu.pl, edu .ua, ac.kr). Essas mudanças e, especialmente, a existência de diversos domínios, penalizam muito severamente a posição das universidades no ranking Webometrics. Provavelmente, isso não tem um efeito tão forte nas populações locais, mas é realmente confuso para o público global.
  • Universidades falsas e não credenciadas. A equipe do Webometrics faz o possível para não incluir instituições falsas, verificando especialmente as agências on-line, internacionais e estrangeiras, observando se possuem domínio ou subdomínio independente.

== Recomendações às Universidades ==

Decálogo de boas práticas em posicionamento institucional web

As seguintes recomendações destinam-se a ajudar universidades e instituições de P&D em todo o mundo a ter uma presença adequada na web. Os sites institucionais devem representar com precisão seus recursos, atividades e desempenho global, oferecendo aos visitantes uma visão clara da instituição. O Webometrics incentiva as instituições a se envolverem em projetos de presença na web de médio e longo prazos que deem prioridade à publicação de grandes volumes de conteúdos de qualidade em modelos de tipo acesso aberto.

1. Nomeação de URL

Cada instituição deve escolher um domínio institucional exclusivo que pode ser usado por todos os sites da instituição. O Webometrics sugere a adoção de siglas bem conhecidas e, se for possível, palavras completas descrevendo a cidade, o estado ou outros itens descritivos. É muito importante evitar a mudança do domínio institucional, pois isso pode gerar confusão e ter um efeito devastador sobre os índices de visibilidade. Domínios alternativos ou espelhados devem ser desconsiderados mesmo quando redirecionam para o preferido.

2. Conteúdo: Criar

Uma grande presença na web só é possível a partir do esforço de um grande grupo de autores. A melhor maneira de fazer isso é encorajar e apoiar docentes, pesquisadores ou estudantes de pós-graduação a se tornarem autores potenciais. Um sistema distribuído de autoria pode ser operado em vários níveis:

  • A organização central pode ser responsável pelas diretrizes de design e informações institucionais. 
  • Bibliotecas, centros de documentação e serviços similares podem ser responsáveis ​​por grandes bancos de dados que incluem dados bibliográficos, mas também abrigam grandes repositórios (teses e dissertações, pré-prints e relatórios).
  • Pessoas ou equipes individuais devem manter seus próprios sites, enriquecendo-os com práticas de auto-arquivamento.

A hospedagem de recursos externos pode ser interessante para terceiros e isso pode promover a visibilidade da instituição: sites de conferências, repositórios de software, sociedades científicas e suas publicações, especialmente revistas eletrônicas, aumentam a visibilidade e o número de ligações web.

3. Conteúdo: Converter

Recursos importantes estão disponíveis em formato não eletrônico que podem ser facilmente convertidos em páginas da web. A maioria das universidades tem um registro longo de atividades que podem ser publicadas em sites históricos. Outros recursos também são candidatos para conversão, incluindo atividades passadas, relatórios ou coleções de imagens.

4. Interligação

A Web é um corpus hipertextual com links que conectam páginas. Se o seu conteúdo não é conhecido (design ruim, informação limitada ou idioma minoritário), não há páginas suficientes ou páginas com baixa qualidade, o site provavelmente receberá poucos links de outros sites. Medir e classificar os links de outros pode ser perspicaz. Você deve esperar links de seus parceiros “naturais”: instituições da sua localidade ou região, diretórios da Web de organizações similares, portais que cobrem seus tópicos, colegas ou parceiros de páginas pessoais. Suas páginas devem ter um impacto em sua comunidade linguística comum. Verifique as páginas órfãs, ou seja, páginas não vinculadas a outras.

5. Idioma, especialmente inglês

O público da Web é verdadeiramente global, então você não deve pensar apenas localmente. As versões linguísticas, especialmente em inglês, são obrigatórias não apenas para as páginas principais, mas para seções selecionadas e especialmente quando são referenciados documentos científicos.

6. Arquivos de mídia e Enriquecimento

Embora o HTML seja o formato padrão das páginas da Web, às vezes é melhor usar formatos de arquivos ricos, como Adobe Acrobat pdf ou MS Word doc, pois permitem uma melhor distribuição de documentos. O PostScript é um formato popular em certas áreas (física, engenharia, matemática), mas pode ser difícil de abrir, portanto, é recomendável fornecer uma versão alternativa em formato pdf.

A largura de banda está crescendo exponencialmente, por isso é um bom investir para arquivar todos os materiais de mídia produzidos nos repositórios da web. Coleções de vídeos, entrevistas, apresentações, gráficos animados e até imagens digitais podem ser muito úteis em longo prazo.

7. Projetos amigáveis ​​para motores de busca

Evite menus de navegação pesados ​​com base em Flash, Java ou JavaScript que possam bloquear o acesso do robô. Diretórios aninhados profundos ou interligações complexas também podem bloquear robôs. Bancos de dados e até páginas altamente dinâmicas podem ser invisíveis para alguns mecanismos de pesquisa, então use diretórios ou páginas estáticas ou como opção. 

8. Popularidade e estatística

O número de visitas é importante, mas é tão importante quanto monitorar sua origem, distribuição e as causas pelas quais eles alcançam seus sites. A maioria dos analisadores de registro atuais oferecem uma grande diversidade de tabelas e gráficos que mostram dados demográficos e geográficos relevantes. Certifique-se de que existe uma opção para mostrar as páginas da Web a partir das quais as visitas chegam ou o s termos ou frases de pesquisa mais utilizados, a oriegm das visitas, por exemplo, se a visita veio de um motor de busca; as páginas mais populares ou diretórios também são relevantes. Considere o Google Analytics

9. Arquivamento e persistência

Manter uma cópia de material antigo ou desatualizado no site deve ser obrigatória. Às vezes, a informação relevante é perdida quando o site é redesenhado ou simplesmente atualizado e não há como recuperar facilmente as páginas desaparecidas.

10. Padrões para enriquecer sites

O uso de títulos significativos e metatags descritivos pode aumentar a visibilidade das páginas. Existem alguns padrões como Dublin Core que podem ser usados ​​para adicionar informações de autoria, palavras-chave e outros dados sobre os sites. Verifique o portal Dublin Core

== Considerações Finais ==

Nenhum sistema de classificação exibe “verdades” universais. Todos devem ser considerados criteriosamente. De qualquer modo, é sempre bom manter-se atento para aproveitar as oportunidades. 

== Notas ==

Para saber mais sobre a Metodologia Webometrics utilizada consulte: http://www.webometrics.info/en/node/200

[1] GOOGLE Search http://www.google.com

[2] AHREFS. https://ahrefs.com

[3] MAJESTIC. https://majestic.com/support/tools

[4] GOOGLE Scholar. http://scholar.google.com

[5] SCIMAGO Institutions. http://scimagoir.com/