SIBiUSP – 2015 – Por: Sibele de Fausto

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco – acrônimo de United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) acaba de lançar, no último dia 10 de novembro, o “Relatório sobre Ciência: rumo a 2030” (The Unesco Science Report: towards 2030).

O relatório faz parte da série World Science Report, publicada desde 1993. Já existem 6 relatórios, incluindo o mais recentemente lançado, de 2015. Os relatórios da Unesco acompanham a evolução do sistema mundial de apoio à ciência, tecnologia e inovação ao longo do tempo através dos olhos de equipes independentes de peritos que escrevem sobre seus países ou regiões de origem.

O documento apresenta informações detalhadas sobre as tendências e os desenvolvimentos em ciência, tecnologia, política de inovação e governança verificados no período entre 2009 e meados de 2015. São informações essenciais para embasar e orientar as prioridades dos países na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável nos próximos anos. Está organizado com o primeiro capítulo apresentando e discutindo as perspectivas mundiais sobre questões emergentes, seguido pelo capítulo com uma visão global do assunto em pauta, e cada capítulo subsequente apresenta mais detalhadamente as diferentes regiões e países do mundo, com uma introdução colocando o país ou a região em estudo em seu contexto socioeconômico e político, e baseados nos dados mais recentes disponíveis – a maioria fornecida pelo Instituto de Estatística da Unesco – o(s) autor(es) identificam e discutem as tendências e desenvolvimentos emergentes na pesquisa científica e no ensino desses países e/ou regiões, e depois seguem-se recomendações da organização.

Em termos mundiais, o relatório da Unesco mostra que em 2013 havia 7,8 milhões de pesquisadores no mundo, representando um crescimento de 21% desde 2007, e que os chamados “Cinco Grandes” (The Big Five – China, União Europeia, Japão, Rússia e EUA) ainda são responsáveis por 72% do número de pesquisadores em todo o mundo, mas a parcela da China progrediu consideravelmente desde 2009 em detrimento do Japão, da Rússia e dos EUA. De fato, pela primeira vez a China, com 19,1% do total, superou os Estados Unidos (16,7% do total) em número de pesquisadores.  A participação da União Europeia manteve-se estável, em 22,2% em 2013, em comparação com 22,5% em 2009.  A América Latina e a Ásia do Sul exibem números aproximados em número de pesquisadores – 3,6% e 3,1% do total, respectivamente, já a África como um todo detém 2,4% dos pesquisadores do mundo.

Outra informação relevante do relatório da Unesco é o crescimento do ensino superior em nível mundial: o número de estudantes internacionais aumentou de 2,8 milhões para 4,1 milhões entre 2005 e 2013. A partir de 2012, cinco países tinham mais de 10.000 de seus estudantes de doutorado no exterior: China (58.492 estudantes), Índia (30.291), Alemanha (13.606), Irã (12.180) e República da Coréia (11.925). Dez outros tiveram mais de 4.000 (Itália, Canadá, EUA, Arábia Saudita, Indonésia, França, Vietnã, Turquia, Paquistão e Brasil), projetando um forte impulso para a futura cooperação científica internacional.

A despesa bruta global em pesquisa e desenvolvimento (Gross Expenditure on Research and Development – GERD) totalizou 1.480.000 trilhões de dólares em 2013, com o GERD mundial crescendo mais rapidamente (30,5%) do que a economia global (20,1%) entre 2007 e 2013. Entre 2008 e 2014, o número de artigos científicos indexados na base  Citation Index da Web of Science (Thomson Reuters) cresceu 23%.  O crescimento foi mais forte entre as economias de renda média alta (94%), impulsionado principalmente pelo crescimento nas publicações chinesas (151%).

A sessão referente ao Brasil tem autoria de  Renato Pedrosa, professor da Unicamp, e Hernan Chaimovich, professor titular aposentado da USP e atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tenológico (CNPq).

O pdf interativo da publicação está disponível  para download gratuito nesse link:  http://en.unesco.org/node/252168.

Referência
UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Unesco Science Report: towards 2030. Paris: Unesco, 2015. 795 p.

Como citar este post [ABNT/NBR 6023/2002]:

FAUSTO, Sibele. Como está a Ciência no Mundo? Nov. 2015. Disponível em: <https://www.aguia.usp.br/noticias/acesso-aberto-mundo-2013-2015>. Acesso em: DD mês. AAAA.